Ao longo do dia de ontem, acompanhei as informações sobre os acontecimentos violentos que ocorreram no Porto, por acaso, na escola onde, há 32 anos, realizei o meu estágio profissional.
Só um doentio medo da cultura e da livre iniciativa dos cidadãos pode explicar o uso da força desproporcionada e das atitudes de vandalismo a que assistimos.
Não aprecio o insulto como forma de combate político, mas ao pensar na personalidade mesquinha que provocou uma ação tão prepotente e irracional, várias vezes me vieram à memória as palavras finais deste poema de Ary dos Santos.
O BURGUÊS
A gravata de fibra como corda
amarrada à camisa mal suada
um estômago senil que só engorda
arrotando riqueza acumulada.
Uma espécie de polvo com açorda
de comida cem vezes mastigada
de cadeira de braços baixa e gorda
de cómoda com perna torneada.
Um baú de tolice. Uma chatice
com sorriso passado a purpurina
e olhos de pargo olhando de revés.
Para dizer quem é basta o que disse
é uma besta humana que rumina
é um filho da puta é um burguês.
A gravata de fibra como corda
amarrada à camisa mal suada
um estômago senil que só engorda
arrotando riqueza acumulada.
Uma espécie de polvo com açorda
de comida cem vezes mastigada
de cadeira de braços baixa e gorda
de cómoda com perna torneada.
Um baú de tolice. Uma chatice
com sorriso passado a purpurina
e olhos de pargo olhando de revés.
Para dizer quem é basta o que disse
é uma besta humana que rumina
é um filho da puta é um burguês.
3 comentários:
Gostei muito :)
Lígia
Grande poema para ilustrar a figura do presidente da Câmara.
Um beijo.
Acho que vc conhece o Ode ao burguês do Mário de Andrade.
abç
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