09/01/13

Os Filhos da Liberdade

Acabei de ler o belo «Os Filhos da Liberdade», leitura que constituiu uma agradável surpresa.
O autor, o francês Marc Levy, é um daqueles escritores que ocupam muito espaço nos expositores das livrarias, com grandes tiragens, muitos títulos, referências publicitárias a adaptações de obras ao cinema e vistosas frases de divulgação de milhões de exemplares vendidos e dezenas de traduções editadas.
No meu caso, estes seriam motivos de desconfiança ou mesmo de rejeição. Os mesmos motivos por que nunca li, até hoje, nenhum livro de José Rodrigues dos Santos, Miguel Sousa Tavares, Ken Follett, Dan Brown, Danielle Steel, Nora Roberts… Não afirmo que dessas águas não beberei, mas o tempo é escasso e, nas opções das minhas leituras e releituras, costumam dominar outros critérios.
Para a leitura deste livro, fui atraído mais pelo tema do que pelo facto de se basear em experiências vividas pelo pai e por um tio do autor. «Os filhos da Liberdade» narra a participação de jovens, com idades entre os dezasseis e os vinte e poucos anos, na Resistência Francesa contra a ocupação alemã, as milícias fascistas e os colaboracionistas adeptos de Vichy. Eram, sobretudo, filhos de imigrantes (polacos, italianos, espanhóis, romenos, húngaros) que, arriscando tudo pela liberdade, integravam a FTP-MOI (Francs-tireurs et partisans – main-d'œuvre immigrée).
Os atos de heroísmo e algumas traições, os sonhos e os medos, as dúvidas e as certezas, as pequenas alegrias e os momentos de sofrimento atroz são tratados com comovente sensibilidade, mas sem pieguice, através duma escrita simples e correta.
«Os filhos da Liberdade» não virá, certamente, a ser um clássico da literatura francesa do século XXI. No entanto, além de proporcionar momentos emocionantes de leitura, tem todas as condições para ser uma obra exemplar na formação cívica da geração que tem hoje a idade dos heróicos protagonistas.


2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Olá Eduardo
Pelo que diz esse livro deve ser um importante meio de formação da nossa juventude, no campo da resistência ao opressor. Mas quem o lê?
Seria preciso divulgá-lo mais, como o Eduardo está a fazer, mas ainda deve chegar a poucos jovens.
Boas leituras as suas.

Um grande beijo.

Anónimo disse...

Eduardo,
Passei por aqui e registei a tua proposta de leitura. Obrigado pela dica.
Bom 2013 para todos.
Beijos para quem de beijar e abraços para quem de abraçar, como diz o António das Terras Bravas. Tem piada, que lembrei-me dele ainda à pouco, porque vi no "Borda d´Água" que hoje é dia de S.Gonçalo de Amarante, o santo casamenteiro pelo qual ele nutre grande "paixão".

João Filipe