24/04/10

ABRIL

Em 1982, quando estava em Tomar a cumprir (contrariadíssimo) o Serviço Militar Obrigatório, escrevi este texto, que ficou, até hoje, guardado num caderno com capa. Transcrevo-o agora, resistindo a alterá-lo.

Subitamente eu vi nascer o sol
no teu corpo adolescente, meu país.

Vi abrirem-se as portas que retinham
as palavras e os gestos e as águas.

Vi no cais caravelas regressadas
de mares nunca dantes navegados.

Vi nascer uma nova geografia,
oceanos de paz e de gaivotas.

Vi nas praças da cidade libertada
fogueiras de esperança e de canções.

Vi as mãos do trabalho que se ergueram
gritando as palavras necessárias:
Abre-te Sésamo dum futuro por abrir.

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Parabéns Eduardo. Grande poema na forma e conteúdo.

Um beijo.

Jorge Aragão disse...

Pois é meu caro, tu viste, eu vi, nós vimos mas ...
36 anos depois a realidade é bem diferente...
E é caso para dizer que ... a luta continua.
Defender Abril é uma necessidade.
Abraço.