O meu amigo dos tempos de liceu, Jorge Aragão, publicou no seu bloghistorias a fotografia e o artigo - que abaixo republico - ilustrando e narrando um episódio ocorrido no Liceu Alexandre Herculano.
Corria o ano lectivo de 1975/76, estávamos já no Novembro em que os chacais se preparavam para o ajuste de contas que levaria à prisão alguns dos militares de Abril.
No seu artigo, o Jorge Aragão diz que aquela era «uma época em que tudo parecia possível», mas não se fica pelo saudosismo e afirma que «aprender com os erros e lutar por uma sociedade mais igualitária é uma urgência».
Pois é! É nesta época, no presente que nos é dado viver, que nos compete tornar possível o que parece impossível e manter abertas as bandeiras que transportamos na memória.
Como lhe disse no comentário que deixei no seu blog, orgulho-me de ter sido um dos militantes da UEC que alinharam, naquela aventura, ao lado dos esquerdistas.
Outros foram mais ponderados (ou calculistas) e não embarcaram num acto que acusaram de aventureirismo. Onde estão agora?
É com muita alegria (e alguma saudade) que transcrevo as palavras deste velho amigo da esquerda pura.
Em 7 de Novembro de 1975 um grupo de alunos do Liceu Alexandre Herculano resolveu comemorar o aniversário da Revolução Soviética e hasteou durante algum tempo a bandeira vermelha na varanda.
Tal facto resultou numa contra-manifestação da ala direita que nessa altura já andava a levantar cabelo ( o 25 de Novembro estava próximo) e para evitar que a bandeira fosse arreada, o pessoal entrincheirou-se na sala que dava acesso à varanda, gorando as intenções.
O caso ficou feio e só a intervenção da Dra Palmira, uma professora respeitada e querida por todos, acabou com a séria hipótese de confronto, negociando uma solução de compromisso em que a bandeira ficaria por mais algum tempo e seria depois retirada.
Como o mais importante estava feito, lá acabamos por concordar e o assunto resolveu-se de forma relativamente pacífica.
Interessante foi um comunicado posterior do MRPP que criticava o " renegado"Angelo por ter colocado no poste a gloriosa bandeira do Movimento em conluio com os sociais fascistas (alguns colegas ligados ao PCP). Na verdade o dito Ângelo tinha saído dos MRs e foi a casa buscar uma enorme bandeira que tinha desses tempos, enrolou a parte das letras amarelas da organização do Camarada Arnaldo de Matos (e do Cherne Barroso, da justiceira Misetsung, etc) e foi esse pano vermelho que flutuou ao vento, do qual guardei a foto histórica que coloco em cima, já um bocado descolorida mas nem por isso menos interessante.
Agora que se comemoram os 92 anos da Revolução de Outubro, lembro estes momentos únicos de uma época em que tudo parecia possível.
E por falar da Revolução, bem que me parece que uma nova revolta está na ordem do dia, numa altura em que cada vez mais as desigualdades sociais se notam e não pára de crescer a exploração a que estamos todos sujeitos por uma minoria detentora do poder.
Aprender com os erros e lutar por uma nova sociedade mais igualitária é uma urgência.
Tal facto resultou numa contra-manifestação da ala direita que nessa altura já andava a levantar cabelo ( o 25 de Novembro estava próximo) e para evitar que a bandeira fosse arreada, o pessoal entrincheirou-se na sala que dava acesso à varanda, gorando as intenções.
O caso ficou feio e só a intervenção da Dra Palmira, uma professora respeitada e querida por todos, acabou com a séria hipótese de confronto, negociando uma solução de compromisso em que a bandeira ficaria por mais algum tempo e seria depois retirada.
Como o mais importante estava feito, lá acabamos por concordar e o assunto resolveu-se de forma relativamente pacífica.
Interessante foi um comunicado posterior do MRPP que criticava o " renegado"Angelo por ter colocado no poste a gloriosa bandeira do Movimento em conluio com os sociais fascistas (alguns colegas ligados ao PCP). Na verdade o dito Ângelo tinha saído dos MRs e foi a casa buscar uma enorme bandeira que tinha desses tempos, enrolou a parte das letras amarelas da organização do Camarada Arnaldo de Matos (e do Cherne Barroso, da justiceira Misetsung, etc) e foi esse pano vermelho que flutuou ao vento, do qual guardei a foto histórica que coloco em cima, já um bocado descolorida mas nem por isso menos interessante.
Agora que se comemoram os 92 anos da Revolução de Outubro, lembro estes momentos únicos de uma época em que tudo parecia possível.
E por falar da Revolução, bem que me parece que uma nova revolta está na ordem do dia, numa altura em que cada vez mais as desigualdades sociais se notam e não pára de crescer a exploração a que estamos todos sujeitos por uma minoria detentora do poder.
Aprender com os erros e lutar por uma nova sociedade mais igualitária é uma urgência.
2 comentários:
Gostei muito Eduardo desta recordação que é muito esclarecedora. Beijos.
Eduardo, fiquei contente por teres colocado aqui a recordação de um facto importante na nossa luta, ainda jovens, por um Mundo melhor.
E obrigado pela tua introdução ao tema.
Ah, embora vá oficializar por mail, prepara-te para 11 de Dezembro.Aí iremos estar com mais alguns dos protagonistas da Bandeira... ( de um lado e de outro!!!).
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