13/09/09

Primavera com una esquina rota

É incrível a quase inexistência de edições portuguesas de muitos autores notáveis que podemos encontrar, com a maior facilidade, em qualquer livraria do outro lado da fronteira. Edições de bolso de bons autores a preços acessíveis quase justificam, só por si, visitas às localidades espanholas mais próximas.
Outros o fazem para atestar o depósito do carro…
Alguns destes autores escrevem em Castelhano, enquanto outros escrevem em Galego e em Basco, mas são traduzidos para castelhano. Aliás, em certos casos, são os escritores que assinam a tradução das suas próprias obras.
Destaco, entre muitos outros romancistas que merceriam mais atenção da parte dos editores portugueses, Josefina Aldecoa, Max Aube (de quem só conheço traduzido «Crimes Exemplares»), Miguel Delibes (em Portugal, julgo que apenas existem «Os santos inocentes» e «O Herege»), o galego Manuel Rivas (acho que só tem em Português «O Lápis do Carpinteiro»), o basco Bernardo Atxaga, o peruano José Maria Arguedas, o uruguaio Mario Benedetti
Na poesia, recordo Gabriel Celaya, Jaime Gil de Biedma, José Joaquim Goytisolo e, sempre, Mario Benedetti.
Numa recente deslocação a Santiago de Compostela, trouxemos – eu e a família – mais uma “fornada” de livros com preço médio inferior a dez euros.Destaco e recomendo, em especial, «Primavera con una esquina rota», do escritor que mais tem sido referido neste blog.
Trata-se dum testemunho, multifacetado e profundamente humano, da experiência de exílio sofrida pelo autor, nos doze anos que se seguiram ao golpe militar de 1973.
Recordemos Honduras em 2009...
Através de diversos registos, o sofrimento provocado pela ditadura é exposto sob os diferentes pontos de vista dos exilados, dos presos, dos seus pais e dos seus filhos, crianças condenadas também ao exílio e à privação do convívio com os pais, presos por razões que mal compreendem.
«Cuando suplician a un hombre, lo maten o no, martirizan también (aunque no los encierren, aunque los dejen desamparados y atónitos en su casa violada) a su mujer, sus padres, sus hijos, su vida de relación. (…) Reorganizarse en el exilio no es, como tantas veces se dice, empezar a contar dede cero, sino desde menos cuatro o menos veinte o menos cien.»
(página 93).
NOTA: A edição brasileira chama-se «Primavera num espelho partido»

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Parabens Eduardo. Grande blog e grande cultura.Um grande beijo para os três.

Anónimo disse...

Hola amigo:

Deixa acrescentar mais um grande nome actual da literatura em lingua castelhana que ainda nao se editou em Portugal (acho eu). É o Luis Landero, romancista extremeño. Estes sao alguns dos seus títulos mais celebrados: Juegos de la edad tardía, El Mágico Aprendiz, El Cuento o la vida, ou o seu último romance:Hoy Júpiter.

Cumprimentos de vosso amigo da Cantábria