A MENINA Sou eu que bato às portas às portas, umas após outras. Sou invisível aos vossos olhos. Os mortos são invisíveis. Morta em Hiroxima há mais de dez anos, sou uma menina de sete anos. As crianças mortas não crescem. Primeiro arderam os meus cabelos, também os olhos arderam, ficaram calcinados. Num instante fiquei reduzida a um punhado de cinzas que se espalharam ao vento. No que diz respeito a mim, nada vos imploro: não podia comer, nem sequer bombons, a criança que ardeu como papel. Bato à vossa porta, tio, tia: uma assinatura. Não matem as crianças e deixem-nas também comer bombons. NÂZIM HIKMET (1901-1963) |
17/02/08
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